1. Os desafios de Carlos, Hélio e Carlson Gracie
Aluno do japonês Mitsuyo Maeda na juventude, Carlos Gracie aprendeu a
centenária arte marcial japonesa do judô, ou jujutsu, mas mais que isso, a usou
como base para criar o jiu-jitsu moderno. Onze anos mais novo, Hélio Gracie
teve seu irmão como grande mestre e terminou de desenvolver a luta que viraria
um verdadeiro sinônimo do sobrenome da família, além de ter a disseminação da
modalidade como principal meta de vida.O sucesso do jiu-jitsu nos principais
centros do país, por conta de sua eficiência, passou a chamar a atenção de
outros estilos de lutas, começando uma verdadeira tradição familiar de desafios
entre lutadores, que não tinham qualquer tipo de regra. Os primeiros, no início
do século 20, foram com Carlos, mas ganharam espaço com Hélio.
Com 17 combates de vale-tudo e apenas duas derrotas entre as décadas de 1930
e 1960, Hélio ganhou status de lenda nas lutas do Brasil dentro dos ringues.
Ainda em desafios que tinham ares de briga, a família Gracie foi sucedida à
altura por Carlson, filho mais velho de Carlos. Com ele, foram 19 lutas e
apenas uma derrota, mantendo o nome da dinastia em alta e abrindo as portas
para a geração seguinte solidificarem as bases para o MMA.
2. A
criação do UFC e o fenômeno Royce Gracie
Filho de Hélio Gracie, Rorion aproveitou o sucesso que vinha tendo
como professor de jiu-jitsu nos Estados Unidos para profissionalizar os
desafios protagonizados por sua família no Brasil. Com essa ideia na cabeça,
criou o Ultimate Fight Championship, colocando lutadores das mais diversas
artes marciais, e dos mais variados pesos, frente a frente dentro de um ringue
no formato de um octógono e cercado por grades.
Royce Gracie
Como não poderia ser diferente, o primeiro grande nome do UFC foi um
Gracie. Mostrando toda a eficiência jiu-jitsu, Royce – também filho de Hélio –
venceu três das quatro primeiras edições do evento, somando 11 vitórias por
finalização, assombrando o mundo das lutas e se tornando a primeira grande
estrela do vale-tudo moderno.
3. O samurai Rickson Gracie no Japão e o Pride
Se nos Estados Unidos Royce tratava difundir o nome da família
Gracie no UFC, seu irmão Rickson, fazia o mesmo no Japão. O país berço do
antigo jiu-jitsu deu o apelido de ‘samurai’ ao brasileiro que cruzou o mundo
para vencer nove lutas em seis anos – além de duas que tinha feito com Rei Zulu
nos anos 1980 no Brasil – e se aposentar sem uma única derrota.
As vitórias espetaculares de Rickson pareceram ter reacendido a
paixão milenar dos japoneses pelas lutas, o que culminou com a criação do
Pride, o maior evento de MMA já feito até hoje. Com lutadores alçados ao
patamar de heróis nacionais, o torneio lotava estádios no país e não foram
poucas as edições que reuniram mais de 40, 50 e até 90 mil pessoas.
4. A
ressurreição do UFC comandada por Dana White
Apesar do sucesso do esporte, o UFC não conseguia se manter rentável
no início dos anos 2000 e beirou a falência. Mas a ressurreição do evento
começou em janeiro de 2001, quando foi comprado por apenas US$ 2 milhões pela
Zuffa, empresa recém-criada na época pelos irmãos Frank e Lorenzo Fertita e
presidida por Dana White, donos de cassinos em Las Vegas e empresário
de boxe, respectivamente.
Com a marca nas mãos, organizaram as regras que foram desenvolvidas
na última década, principalmente as que visavam a integridade física do
lutador. Dessa forma, findaram de vez com o vale-tudo e apresentaram ao mundo o
MMA, a mistura de artes marciais. Mais que dar um formato completamente
profissional ao esporte, também transformou as disputas em um verdadeiro show
de mídia e público.
5. TUF: O reality show que virou o jogo para o UFC
Após reestruturar o UFC e até mesmo comprar Pride após sua falência
– adicionando ao seu plantel os principais lutadores do evento japonês – a
Zuffa deu a cartada final com a criação do reality show com praticantes de MMA:
The Ultimate Fighter.
Com duas equipes formadas por lutadores iniciantes e comandadas por
nomes consagrados, o TUF levou o MMA para dentro da vida cotidiana dos
norte-americanos, já que desde o início foi transmitido em TV aberta – não em
pay-per-view, como são os eventos do UFC.
Mostrando o dia a dia dos lutadores, o lado humano e menos
esportista deles, o público se aproximou do UFC e da modalidade, fazendo o
programa colecionar recorde atrás de recorde de audiência. O reality show
também apresentou grandes nomes do esporte, como Forrest Griffin, Rashad Evans,
Nate Diaz e Kenny Florian.
6. Anderson Silva e GSP: Os primeiros superastros do MMA
O sucesso do UFC trouxe ao MMA situações antes vistas apenas em
grandes esportes de massa pelo mundo, como futebol, ou basquete e futebol
americano nos Estados Unidos. A modalidade passou a ter superastros, lutadores
que levam milhares de fãs para onde vão.
Apesar de o maior número de lutadores serem dos EUA – que contam com
nomes como Randy Couture, Mark Coleman ou Chuck Liddell – não são do país os
dois astros do UFC que transcenderam da forma mais plena as barreiras da
modalidade, se tornando ídolos de todo o esporte: o brasileiro Anderson Silva e
o canadense George St-Pierre.
Em um país com uma cultura centenária em torno do hóquei no gelo,
GSP – com suas lutas impecáveis e um cinturão intocával do UFC – conseguiu
fazer com que o Canadá se voltasse completamente para o MMA e o colocasse no
posto de esportista mais importante do país.
Já Anderson Silva conquistou o espaço de estrela do esporte nos EUA
antes mesmo que no Brasil. Mas após uma invencibilidade histórica no UFC,
vitórias épicas e sendo considerado o melhor lutador de MMA do mundo, o Spider
foi alçado no país a um patamar antes reservado apenas a jogadores de futebol.
7. Expansão mundial, a volta do UFC ao Brasil e monopólio
Já consolidado nos Estados Unidos como esporte mais rentável do país
e tendo feito o valor da marca pular de US$ 2 milhões para US$ 2 bilhões em
menos de dez anos, a Zuffa começou a desbravar o mundo. Após conquistar um
público cativo na Inglaterra e no Canadá, Dana White levou o evento para
Alemanha, Austrália e Emirados Árabes nessa etapa de expansão.
Além de chegar a países inéditos, o segundo passo domínio mundial
foi voltar a locais onde o evento tinha estado na fase do vale-tudo. Depois de
estrear no país em 1998, em
São Paulo, o UFC volta ao Brasil neste ano, agora no Rio de
Janeiro. Outro local que está nos planos de Dana White, já para 2012, é o
Japão, onde esteve quatro vezes entre 1997 e 2000.
Outra característica do Ultimate nas mãos da Zuffa e que se acentuou
nos últimos anos foi a política de aquisição de eventos concorrentes. O
primeiro foi o próprio Pride, mas esse já tinha falido. Depois foi o WEC, que
inicialmente se tornou um torneio para categorias mais leves de peso, mas
depois foi completamente anexado pelo UFC. Já em 2011, foi a vez de o
Strikeforce ser comprado, criando um verdadeiro monopólio da Zuffa no MMA.
Fonte: lebrants.com.br
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